Cansei! Falta-me disposição para acompanhar a evolução

O agricultor pegava a enxada e trabalhava o dia todo, sentia-se produtivo e conseguia gerar o sustento da família

Autor: Gilmar DuarteFonte: O Autor

Resumo:

Pessoas com dificuldade para acompanhar o processo evolutivo do mundo, perdidas e com vontade de desistir são mais fáceis de encontrar do que imaginamos. Estes sentimentos também ocorrem com você?

Descrição:

O agricultor pegava a enxada e trabalhava o dia todo, sentia-se produtivo e conseguia gerar o sustento da família. Surgiram novas ferramentas e especialmente máquinas que impulsionaram imensamente a produção. O que um agricultor fazia num mês a máquina demorava algumas horas. Esta tecnologia demandava dinheiro e muita coragem, e naturalmente assustava. Houve quem entendeu o processo evolutivo, adquiriu a inovação e, além de trabalhar em sua propriedade, passou a prestar serviços aos que não conseguiam, ficando com boa parte do lucro da safra. Alguns sentiram-se velhos para embarcar nesta virada do mundo e resolveram usar a cadeira de balanço para passar o tempo, até que chegasse o seu dia de fechar as malas e partir deste mundo assustador.

Quase todas as profissões sofreram lentos ou rápidos avanços, e em todas elas, como no caso da agricultura, citado acima, nem todos conseguiram acompanhar. Para refrescar a memória cito algumas evoluções recentes que você ou seus pais se lembrarão: o curso de datilografia era essencial para candidatos a qualquer ofício em escritórios; empresas se comunicavam com suas filiais e concorrentes pelo telex, uma máquina de escrever a longa distância; os engenheiros tinham suas pranchas para projetar construções feitas à mão e com o uso de calculadoras científicas; máquinas fotográficas utilizavam filmes de 12, 24 ou 36 fotogramas (poses) que eram revelados em laboratórios; ter telefone em casa era um luxo e poucos possuíam aparelho sem fio - hoje ele vai conosco no bolso e na maioria das vezes é usado para escrever; ao jogar boliche alguns contratavam arrumadores dos pinos para maior comodidade e rapidez; era comum ver jovens na praia com grandes aparelhos de som para ouvir músicas –o hábito permanece, mas com aparelhos praticamente invisíveis e de qualidade infinitamente superior. Todo este cenário “pré-histórico” tem cerca de 30 anos.

As inovações alcançaram também a contabilidade. Sabemos que alguns profissionais resolveram desistir, mas a grande maioria entendeu tratar-se de um processo evolutivo necessário, então investiu muito tempo – também dinheiro – para aprender e utilizar a tecnologia a seu favor. Na Idade Média, o Frei Luca Pacioli (1445 – 1517) descobriu o registro da contabilidade com partidas dobradas. Este processo inovador deu mais segurança ao controle patrimonial. De lá para cá muitas coisas mudaram. Inicialmente a contabilidade era escrita manualmente em livros; depois adotou-se a máquina de escrever e a transcrição para livros era feita com a tecnologia da gelatina; as máquinas foram melhoradas e a folhas eram diretamente encadernadas; com o computador os lançamentos ganharam agilidade, sendo possível alterar lançamentos, dentro do ano, a qualquer momento, sem a necessidade de fazer estornos; então surgiu a Escrituração Contabilidade Digital (ECD) e os livros não precisam ser encadernados. Todo este processo não foi fácil de ser implementado, mas hoje é a realidade que trouxe muitos benefícios, especialmente em relação à velocidade da disponibilidade das informações para a gestão dos negócios.

Comparado com o que o Frei Luca Pacioli projetou e como fazemos 500 anos depois, certamente houve grande avanço, mas sabemos que nunca se chega ao fim do caminho do processo da evolução, então é necessário continuar os estudos e investir nas novidades. Produtos e serviços antes com altos preços devido ao processo produtivo hoje são ofertados a preços bastante baixos, alguns até de graça para determinados públicos, a exemplo do WhatsApp, facebook e tantos outros aplicativos.

Nesta caminhada do início do século XXI é necessário que os empresários contábeis estejam atentos para as novidades tecnológicas e para as necessidades do seu público. Os clientes desejam informações precisas, rápidas e a preços baixos, o que não é exclusividade no ramo da contabilidade. Não é difícil atender a estes quesitos, que demandam esforço para ser conquistados, mas não estou me referindo a preços ínfimos (R$ 49,00) que certamente não permite entrega o que de melhor o cliente necessita: orientação.

O processo de inovação se inicia com a disposição de querer fazer melhor, mais rápido e com custos menores. O segredo está na DISPOSIÇÃO, coisa que os mais velhos precisam reaprender com os mais jovens.

Gilmar Duarte é palestrante, contador, diretor do Grupo Dygran, autor dos livros "Honorários Contábeis" e “Como ganhar dinheiro na prestação de serviços” e membro da Copsec do Sescap/PR.

09/04/2017